Amor Umbralino

Amor Umbralino

Deitada, friamente em leito estreito,

Co'a face duma noiva doutro mundo;

Seu suspirar parado, mas profundo,

- Dizia estar num globo mais perfeito -.

As mãos - pequenos lírios - contra o peito,

De neve eram formadas. Mas ao fundo,

Senhor de certa idade, magro, imundo...

- Dizia ser da moça o grande eleito! -

Fitando aquele mago tão estranho,

Senti tamanho ódio - oh, Deus! - tamanho!

E disse: - Oh, velho imundo... ela me amou!

Mas ele... num sorriso de maldade,

Me disse que não há felicidade

Nos sonhos dum casal que se matou...

29 de junho de 2013

Nestório da Santa Cruz