Noite Eterna

No silente relógio sideral,

Contemplo a Lua Cheia passear;

Uniforme e contínua sobre o mar;

Qual gris ponteiro grave de cristal,

Que mensura, preciso, meu cismar,

Minha dúvida muda a recitar;

"Por que do bem passado este final?!

Por que de tanto bem só tenho mal?!"

E espero pelo Sol, a luz vistosa;

Qu'ilumine minh'alma co'esperança;

E elimine as mil farpas da lembrança.

Mas quando, enfim, a Lua, vagarosa,

Beija o mar e se afunda n'horizonte,

Outra Lua s'eleva atrás, num monte!