A Menina e o Imperador

Tão pequenina, a flor do Oriente

Olhos miúdos fitam os olhos do algoz.

Muda, inerte, trêmula, sente

Dilacerada a carne, dor atroz.

Sombra da morte soluçando, noite infinda.

Os seus castelos, seus encantos destruídos.

Por que teria de haver assim nascido,

Predestinada a morrer tão pequenina?

Só há escombros e o sangue derramado

Pelas calçadas, corpo nus e mutilados

A guerra infame, céus noturnos de terror.

Não adianta os gritos de piedade!

Nem orações suplicando caridade,

Pois não há alma, na alma do imperador.

(Para Abeer Qassim al-Janabimenina, a menina iraquiana de apenas 14 anos, estuprada e morta pelos soldados norte-americanos)