A Dor de Maria

Maria caminha com olhos lassos,
Carregando do lado esquerdo
Do peito frágil, enorme cansaço,
Maria só, Maria deserta.

O que se notam, o que desperta
É ver Maria sempre a cada dia
Menos franca, menos aberta
Ao diálogo que a tornaria

Maria meiga, Maria mansa, Maria,
Caminhando pelos intertícios,
Olhando a vida em mil orifícios.

Ganhando, quem sabe, euforia.
Porém, no fundo, Maria fustiga
A dor doída lha castiga.


22.09.1989