O Laço Escondido
Vês esta menina sorridente,
Numa foto qualquer, rodeada de gente?
Cujo rosto rubro está
Pela fotografia que queria tirar?
Esta mesma doce criatura,
Que num vestido rosa se estufa,
Mãos na cintura, pés cruzados,
Os cabelos presos por um belo laço.
Ontem ela acordou com lágrimas,
Por um nó na garganta sendo sufocada...
E a doce menina em prantos se desfez,
Porque havia chegado a sua vez...
De crescer, de maturar-se,
Como gostaria que a ingenuidade a acompanhasse,
Por esse caminho tão longo e escuro
Que é a vida, que é o futuro.
Vê-la agora,
Porque chora?
A foto amarelou-se,
O rosa do vestido desbotou-se.
As mãos, agora cruzadas,
Sobre o peito, apertadas.
E os sapatos antes tão brilhosos,
Desgastaram-se, tornaram-se foscos.
Seu sorriso agora é tímido,
Seu olhar esconde um grito.
Ninguém percebeu, ninguém a viu.
Aquela multidão... De todo sumiu.
Mas o que vejo, ninguém notou...
Escondido sob os cabelos que o vento despenteou,
Tão vivo, tão belo, o laço de fita,
Guarda ainda a essência desta menina.