Soneto de Compressão

Que saudade do meu pai comprime em parto!

A sacada onde o sol batia forte

Donde ouvia sua voz chamar-me ao quarto

Eis que agora só me faz lembrar da morte.

Não me esqueço de suas mãos (no leito eu via)

Calejadas, firmes, rudes apertando

Não me esqueço doutras mãos em letargia

Só cruzadas sobre o peito descansando.

E a linha que afastava a pipa ao céu

Que eu olhava balançada pelo vento

Se tornou espessa corda afastando

O caixão à terra fria e sem alento

As lembranças do meu velho foi deixando

O cobrindo grande choro como um véu.

Edmond Conrado de Albuquerque
Enviado por Edmond Conrado de Albuquerque em 18/10/2013
Código do texto: T4530628
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