A PERIGOSA.

Com esse olhar fatal, sereno, brando,

expandes no meu corpo um calafrio,

como límpida água batizando

corres no coração, tu és meu rio.

A minha alma cortejas radiando,

derramas mel no meu peito sombrio,

como gata ardilosa vais entrando,

e iludes devagar todo meu brio

Não sou indiferente nestas horas,

mas já provei sabor de uma mágoa,

eis então que a pergunta agora aflora.

Quantos foram os olhos rasos d’agua,

que nas tuas marés da vida afora

buscaram os teus beijos pra deságua?