PAI CLANDESTINO
Não abri para ela o meu coração,
Tampouco lhe contei toda verdade,
Mesmo temendo que esta omissão
Ao ser descoberta soaria falsidade.
Queria soltar o verbo. Posso não!
A verdade ferirá com toda vontade,
Colocará na vida dela a decepção
com teor de requintes de crueldade.
Que filha terá orgulho de pai ladrão,
assassino, traficante, agiota e cafetão?
Minha filha aquenta encarar tal realidade?
A resposta é negativa... ouço meu coração.
Por isso deixa como está esta situação
Eu ser pai aqui na minha clandestinidade.
O FILHO DA POETISA