Pataco
Comprei um potro bonito
Dei-lhe o nome de pataco
Adestrei sem dar um grito
Não tinha genética de fraco.
No cardápio havia alfafa
Vacinas só importada
Água potável em garrafa
A crina toda tosada.
Foi crescendo sem manias
Dava gosto de se vê
Aparava o casco todo dia
Ficando pronto pra turnê.
Trazia um brilho no pelo
Um quadril de manga larga
Jamais pensei em vendê-lo
Nem ser animal de carga.
Comprei uma sela macia
Com estribos feitos em bronze
Pra não provocar lombalgia
Nessas viagens mais longe.
Chegou o dia da viagem
Pulei no lombo de pataco
Nenhuma nuvem de passagem
Nas estradas muito buraco.
Paramos pra descansar
Depois de vinte léguas cortadas
Procurei desarrear
Meu companheiro de estrada.
Almocei enchi o bucho
Dei ração a ele também
Meu passeio estava um luxo
Para as mil léguas que vem.
A hora que escurecer o céu
Quero parar pra dormir
Pegarei a suíte do hotel
Da baia ele vai usufruir.
Foi aprovado no teste
Por quantas vezes que fiz
Cortei do norte ao nordeste
Estou confiante e feliz.
Quando não há o que fazer
Armo minha rede na varanda
Esta é a vida que escolhi viver
Tristeza por aqui não anda.
Francisco Assis silva é poeta e militar
Email: assislike1@hotmail.com