A minha Dor

A minha dor é um convento ideal

Cheio de claustros, sombras, arcarias,

Aonde a pedra em convulsões sombrias

Tem linhas dum requinte escultural.

Os sinos têm dobres de agonias

Ao gemer, comovidos, o seu mal...

E todos têm sons de funeral

Ao bater horas, no correr dos dias.

A minha Dor é um convento. Há lírios

Dum roxo macerado de martírios

Tão belos como nunca os viu alguém!

Nesse triste convento aonde eu moro,

Noites e dias rezo e grito e choro,

E ninguém ouve, ninguém vê,...ninguém

Florbela Espanca
Enviado por Dorinha Araújo em 30/03/2014
Reeditado em 17/09/2019
Código do texto: T4749307
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