Nem a sanha da procela temida
Varreu meu pensamento de ti, amor.
Entreguei várias vezes minha vida
Zombando da tormenta em seu furor.

Netuno em sua ira enfurecida
Sorria irado defronte ao terror
Das almas que ardiam na ferida
Dos pecados de uma vida sem pudor.

Caçoava dos trovões, ria do vento,
Este seu servo, senhor do oceano,
A saudade, sentimento soberano

Atirava minha dor do pensamento.
Acalmava o dilúvio com o tempo
Amanhã te verei depois de um ano.