Vagalume

Conto as gotas que caem

tamborilando no telhado.

Aponto os vincos que traem

no rosto o tempo marcado.

De óculos, preencho linhas

- várias letras emendadas -

como se fossem minhas

as palavras não faladas.

Penso nas horas densas,

acumulo culpas imensas,

e nada me tranqüiliza.

Mas a saudade se assume:

é só de um vagalume

que minha noite precisa.