Coração oco, joguete do oportuno

Quando a desilusão toma conta do ser,

Brota no peito a tristeza, vil algoz

Mutilando a esperança, agressão atroz,

E o chão, outrora firme, parece ceder.

É assim que o coração, oco e carente

Se torna joguete, exposto à ilusão

Sujeito ao oportuno que, sem hesitação

se embriaga de um amor frágil e doente.

Oportunista, tal qual abutre a espreitar

Sorrateiro, conquista o sorriso, a afeição.

És tu, insensível, capaz de amor despertar?

Como ousa o poeta escrever, sem inspiração?

Como se atreve a falar de paixão, sem amar?

É preencher com vazio, o vazio de um coração.

Rafael Kerner
Enviado por Rafael Kerner em 10/10/2014
Reeditado em 17/11/2014
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