Coração oco, joguete do oportuno
Quando a desilusão toma conta do ser,
Brota no peito a tristeza, vil algoz
Mutilando a esperança, agressão atroz,
E o chão, outrora firme, parece ceder.
É assim que o coração, oco e carente
Se torna joguete, exposto à ilusão
Sujeito ao oportuno que, sem hesitação
se embriaga de um amor frágil e doente.
Oportunista, tal qual abutre a espreitar
Sorrateiro, conquista o sorriso, a afeição.
És tu, insensível, capaz de amor despertar?
Como ousa o poeta escrever, sem inspiração?
Como se atreve a falar de paixão, sem amar?
É preencher com vazio, o vazio de um coração.