Alva Noite - VII

Não há luz, não há som, não há mais nada.

Não há longe, nem perto, nem ninguém

Que me queira saber pela alvorada.

Distante como tudo que me vem,

Minh'alma vive como acabrunhada.

Aos outros trato como com desdém.

Velado. Secreto. Tal qual lacrado.

Escondido. De cheiro muito acre.

Já não rezo, não como, nada faço.

Com os insetos sou, já, confundido;

Com os vermes da terra me embaraço.

Podre carne. Do mundo fui banido.

No brejo, no lameiro regozijo.

Na terra, no solo, não sou nem mijo.