Imortal
Nem o ouro, nem a prata nem a glória,
Há de durar a sanha do tempo á rima,
De mãos dadas com os versos á memória,
Na estrofe de um soneto, obra prima,
Pode um mártir vir a fenecer e ficar só,
Pode a estátua e busto na guerra tombar,
Pode o mar por um instante virar pó,
Só não pode a flâmula do amor apagar,
Há de se crer nos teus passos dominantes,
Há de se vencer tua sina de mortal,
No devir, estará a face de gigantes,
Enfim, há de ser semelhante ao imortal,
Pois até a regra se quebra, com efeito,
Eis que o amor vive, aqui, junto ao peito,