O andar vazio

Caminha como um sopro a mesma chaga

De antes. Volátil couro que de tão

Mumificado em berço, gargalhava

Por entre as trilhas de entender o sêmen

Do estrito filho. Junto a esta cadência

Fugidia: o amigo elementar.

Caminha sem ouvido, alma de mogno,

Que a vida o permitiu assim obtuso.

Te peço, amigo, entre entidades tuas

que se estreitam redondas pelo suor

de um bardo, resistentes e acolhidas,

Observa este reflexo, e então observa-te

incolor e fundido, espaço imenso.

Depois caminha, interno, para longe.

Heitor de Lima
Enviado por Heitor de Lima em 29/11/2014
Reeditado em 20/12/2014
Código do texto: T5053046
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