VIVENDO

Saí nesta manhã da alcova como um réu,

e sem saber porque que a vida me seduz

lancei mais um olhar para o horizonte, ao léu,

tentando em vão saber onde a esperança eu pus.

Na imensidão o sol arrebentou no céu,

e eu tive a sensação que os seus raios de luz

diziam-me outra vez: “Tu provarás o fel

da tua solidão, como um pagão na cruz”

Porém ressuscitei olhando a nova era

deixando para trás as marcas que ficaram,

fingindo inexistir a minha vida austera.

Eu tento me enganar, porém horas não param,

e hoje ao completar mais uma primavera

cinqüenta e uma vezes os sinos tocaram.

08.12.2004