Angelus Novus

O futuro chegou pelas mãos da Senhora

no revés contumaz de viver pela espera

O devir se contrai destroçando a quimera

e a miragem se esvai pelas curvas das horas.

Um deserto sem paz em desejos aflora

e o relógio do fim mitigando estas eras

o silêncio floriu infeliz primavera

Nenhum anjo virá no estertor deste agora.

Quando a vida fugir pela fibra latente

quando nada for mais que este seu riso triste

sinta a fé renascer noutra dor persistente.

Este ser diferente hesitante resiste

na esperança que insiste em tornar-se presente

divagando somente ao mentir quando existe.