O POETA

O poeta, na sua inspiração, escreve...

Uma dor o atormenta. Atenta

Pra chama que alimenta – tão benta!

...E que na musa se apagou tão breve.

O poeta, cativo nesse amor, se atreve

Fazer da chama benta que alimenta,

Que sua alma tenta e a dor aumenta,

Uma lembrança antiga, um fardo leve...

Assim, na sua inspiração discreta,

Afasta longe o cupido perverso

Que lhe atirou ardente seta.

Por fim, numa serena paz imerso,

Desperta sua magia de poeta

E apaga a luz da chama neste verso!

(Primeiros poemas) SGV (24/09/94)