Eu sou, tu és: sejamos

Põe-te sobre os meus pés, mas tu verás

teu passo, tua decadência de esforço

em lágrimas de vapor sem remorso —

líquida ilusão de teu Satanás...

Rasteja sobre o chão que é teu desastre

como serpente esquálida, sem casa,

vê como o teu cadáver arde em brasa

e nada de bom nele há que se alastre...

Não passas de um estéril simulacro,

teu fole não se ouve nem como a brisa

que expira sem ser flauta, sem ser nada…

Percebo-te com meu profano e sacro

aval de quem te vê, te ouve, te pisa…

Enfim, tu não atrapalhas mais a estrada!