Soneto filosofante com chavão de ouro
Bem já dizia o sábio Salomão:
é vaidade, vaidade das vaidades,
tudo que ao peito humano persuade
a tanto esforço inútil, nulo e vão,
pois, que de teu suor, não restarão
os frutos, nem o pó, sequer saudade;
tudo se perde e, tão logo se evade,
deixa para trás uma atroz lição:
nada fica, nem fama, nem dinheiro,
nem há, no mundo inteiro, o que persista;
os últimos igualam-se aos primeiros,
anulam-se as derrotas e as conquistas,
que, nesta vida, é tudo passageiro,
exceto o cobrador e o motorista.
In: "Pavão bizarro" (2014)