Do alto da Igreja de Santana

Um sino às seis da tarde faz zoada;

E logo uma senhora encabulada,

Cumprindo o seu papel de puritana,

Cochicha alguma reza emocionada,

Agarra uma santinha em porcelana,

E, tendo a vista toda embaralhada,

Pinta o langor da intensa fé humana.

Notei cada detalhe do meu canto

Calado, ouvindo o sino, olhando a tarde

cair clonando o choro da mulher...

Achei nesse momento sacrossanto

- ainda que eu questione a santidade -

Um monte de razão para ter fé.

Alex Olliveira
Enviado por Alex Olliveira em 10/08/2015
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