FONEMA,  SAUDADE

Num sereno rasgo de inspiração,
Atrevo-me a construir um poema,
Porém há um artificioso fonema,
Que me faz prender a respiração.

Não julgo e nem toco na saudade,
Porquanto ela não é passageira,
Coloca-se atrevida, sobranceira,
E desvenda o manto da crueldade.

Emana a sordidez e o sofrimento,
Das profundezas desta minha mente,
Consagrado na dor deste momento.

Tal qual Prometeu acorrentado sente,
A expiação da culpa, experimento,
A condenação injusta do inocente.

marcOrsi