O velho e o mar
Do alto da amurada o velho avista
o oceânico deserto de seus mitos:
o céu e o mar, penhasco de conflitos,
onde a perda maior foi a conquista.
Indecifrados blocos de granito
esquecidos das intenções do artista,
como restos de sol ardem na vista
tal velas de naufrágios no infinito.
O brilho em seu olhar está esgarçado;
na catarata de tantas lembranças
é moldura num quadro inacabado.
Quer inventar um tempo de esperanças
pelas valsas e polcas do passado,
mas já não lembra os passos dessas danças.