Surdo

Você disse que não queria mais,

Eram versos sem tempo e sem valia,

Que tudo não chegava a ser poesia,

E que não há mais letras lá no cais.

Ainda assim entrei nesta canoa,

Sem remar para os lados, naveguei,

E não cheguei a verso algum, qual frei,

Segui a minha reza, quis cora.

E repetia os seus doces fonemas,

E eu seguia em silêncio para o mar,

O tal marujo cego a navegar

Pelas linhas ao léu, nenhum poema.

Você disse que não, não mais queria,

E eu preso a navegar uma poesia.