Tempestade Niilista

"É a subversão universal que ameaça./ A Natureza, e, em noite aziaga e ignota,/ Destrói a ebulição que a água alvorota./ E põe todos os astros na desgraça!" (Augusto dos Anjos)

Tempestade Niilista

Uma procela niilista, assola meu "eu" tático

Cai com violência em minha zona de conforto

Enquanto o léxico lírico morre absorto

Na ponta fina do punhal do hediondo enfático

Repentino o firmamento torna-se lunático

Prolífico ventre de um esotérico aborto

Nele o crepúsculo convulsiona e morre no orto

Dando lugar a um lacônico breu pragmático

Uma atração mórbida por sangue, um desencanto

Germina visceral nos meus sentidos, ascende

Na espinha dorsal da minha existência e, transcende

Até que a morte me estende a mão como acalanto!...

Me afaga o corpo inerte como faminto cão

E exibe o meu coração pulsando em sua mão

(Edna Frigato)

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Uma tempestade niilista, assola meu "eu" pragmático.

Cai, violentamente, sobre minhas certezas num dia morto;

O vocabulário lírico tornou-se febril, pereceu absorto

Na ponta do punhal certeiro, do hediondismo enfático!

O apogeu plenilúnio, subitamente, tornou-se procela;

No breu crepuscular, floresceu estrelas gris... Medonhas!

A aurora nati-morta, deixou de brilhar, tristonha...

Tamanha a escuridão do firmamento, anti-aquarela.

A obsessão mórbida pelo gosto de sangue, no entanto,

Germina visceral nos meus sentidos, ascende;

Na espinha dorsal da minha existência, transcende!

Mordaz, a morte estende-me a mão como acalanto.

Afaga-me o corpo frio, inerte, como um cão...

E, exibe meu coração. Pulsa arrítmico em suas mãos.

(Edna Frigato)