Na arte de Anna Paes
A rosa e o rochedo
Eliane Triska
Os meus cansaços caem sobre a pedra!
A noite sente e tudo nela dói,
Ao cair pó de sóis que a desintegra:
Velho moinho que trabalha... Mói!
Não quero ser a rosa de um rochedo!
Ó dor, tens a memória mais fiel!
Por ouvir os seus frêmitos, seus medos.
Me planto numa folha de papel.
Sempre ansiei por letras germinais,
Pontas de espinhos soltas, marginais,
Do mais profundo cárcere: minha alma!...
Que escreve pra juntar-se ao passaredo,
Mas só é triste rosa de um rochedo,
Que dá seu dorso, beija e lhe diz: calma!
Canoas, 12 de 2015