Soneto errante
Ser errante. Eis a alma que vaga nos antros algozes da escuridão
Meu corpo em prostração tenta resgatá-la em vão
Na marcha vacilante, envelheço num lapso
Os sentidos imersos na morbidez. Temo tornar-me um relapso
Tantas expedições tortas, pandemônios e quimeras desatinadas
No seio da remota terra: lá alma está em grilhões colossais
Logo dar-me-ei o ultimato. A capitular face ao destino e suas ciladas
Como côncavo e convexo: corpo e alma não se completam mais (fim dos mortais)
Quantos espasmos, urros de lamento e pedidos de clemência
Sinto-me corpo estranho na decantada aldeia global (onde não existo)
A vida se deteriora no âmago do ser em pleno gozo da penitência
Vislumbro árvore frondosa da felicidade no crepúsculo matutino
Mas só vejo minha alma perde-se por inteira no diáfano infinito
Se houvesse o segredo do elixir da vida, em algum pergaminho (do bom peregrino)...
(Melo, Alex - 24/02/2012)