Soneto do escravo perdido
Eu sou um escravo mais que perdido
sentindo medo dentro da senzala,
ouvindo somente a minha fala
que um dia já foi um alarido.
No tronco não me vejo tão sabido
somente dor do meu corpo exala,
no jardim, no quarto, ou na sala,
em todo lugar estou bem caído.
Porém se a solidão vem no momento,
atravesso o mar e sigo avante
na galopada do meu pensamento.
Acreditando a todo instante
que o amanhã é como o vento
que na nossa vida é relevante.