Pecado
Voa passarinho, traceja,
O ar pútrido da moralidade.
És um pardal-da-igreja
Com ar opulento de abade.
Anda passarinho, a trepidar,
Nas covas que tu cavaste
Para as mortes que suscitaste.
As lousas negras a lapidar.
Tuas garras me puxam os cabelos,
Como tais, os dedos da leviana
A acariciar-me o ígneo cerebelo.
Os vermes que tu comes são os mesmos
Que andam a espreitar minha carne toda.
Trazendo-me à boca, ânsia incômoda.