Nem o vento

A casa está vazia. O vento zumbe

um pouco em cada vão; Mas só da sala

até o corredor... Depois se cala,

Porque ao quarto frio não vai, sucumbe.

Se chega muito perto trava, entala,

Gira em redemoinho, sobe e volta;

Sacode as prateleiras, treme a porta,

Promete um furacão, desfaz-se, exala.

Depois que ela se foi é sempre assim,

Ninguém visita o quarto além de mim

- Qual fosse regalia eu me contento.

É que a saudade habita este lugar

E eu sei que ninguém mais pode aguentar:

Nem tu nem os poetas nem o vento.

Alex Olliveira
Enviado por Alex Olliveira em 03/02/2016
Reeditado em 16/12/2016
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