SONETO SEPARADOS POR VIDROS
 
A noite, agora, quieta e ouço a voz 
do que foi vida inteira tal história.
E nada tem que ver com a vitória,
exceto co' um desfecho muito atroz.
 
O dia, a noite não ficam a sós.
É-lhes um não, paixão da mais notória,
uma eterna promessa, moratória,
que selou este, talvez, fado feroz,
 
sobre saber que doutro lado existe
e és linda, mas as mãos nunca se tocam,
por mais que ele ora tente, sempre triste.
 
Elas como entre vidros só se sonham,
mas não se beijam, força essa que insiste
em pura fé buscar-se nos que se amam.