Dizer adeus sem mágoa nem ferida

Dizer adeus sem mágoa nem ferida,

Cair no precipício como pedra:

Dura e insensivelmente. Quem me dera...

E ter um peito calmo como ermida.

Querer só o que quer a margarida,

Vestir, feliz, o outono e a primavera.

Extinto um sonho, crer noutra quimera,

E ser só gratidão na despedida.

Ser frutífera árvore que atravessa

As estações e pulsa suavemente

Sob o sol, a noite, a brisa e a tormenta.

Mas este coração, que sangra à beça,

Só na poesia é planta e pedra e gente,

E mesmo descontente se contenta.

Edgley Gonçalves
Enviado por Edgley Gonçalves em 04/03/2016
Código do texto: T5563804
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