Soneto da Prisão Universal

Tal ato falho recorrente

Surge, não por falta de aviso prévio

Mas, pela inconsequência, deste sentimento ébrio

Da paixão, por si só, tão ardente

A lágrima que evapora em contato com a brasa

Oculta o desespero na fumaça que sobe

Rumo ao universo, sádico esnobe

Compositor desta partitura estrelar que me atrasa

No sentido mais amplo da liberdade que me aprisiona

Questiono a realidade, vil mistério

Pairando sobre mim, como corvos em um cemitério

E nas amarras de minhas veias intactas

Observo a vida que em mim corre

Ilusão daquele que acha que tudo acaba quando se morre