A luz do Sol (soneto duplo)
A luz do Sol é aurora
que nos traz o dia claro.
À essa luz eu nada comparo,
e eu a quero pra mim e agora!
Então com este Sol eu me deparo
e não deixo que vá embora.
Dentro de mim algo aflora,
é minha admiração que a ele declaro.
Mas por olhá-lo em demasia,
eis que então eu fico cego.
É a consequência de minha ousadia.
Mesmo assim o Sol eu não nego.
E a sua aurora que nos traz o dia,
em minha memória eu a conservo.
Se cego fiquei pela luz solar,
ao Sol eu me escuso pela minha imprudência.
À exemplo de Paulo em sua humilde reverência
à Luz de Cristo que assim fez por o amar.
Uso dessa passagem bíblica como referência
á minha cegueira que ponho a versar.
Em estrofes e versos venho eu a conversar
com o Sol que não sai da minha consciência.
E assim como com Orião,
o mesmo Sol que outrora me cegou,
embevecido traz a mim a minha visão.
Em raios resplandecentes me confessou
que meus versos trouxeram a mim o seu perdão,
e desde então outrossim a mim ele se afeiçoou.