O exemplo do mar
 
Eu não tenho saberes nem acumulei prendas
Meus parcos valores flutuam incertos
Esperam subsídios ainda encobertos
Pelas ataduras dessas minhas vendas
 
Do que o tempo leva retornam migalhas
Que com humildade recolho à noitinha
Para que talvez brotem, germinem sozinhas
Num milagre que por acaso me valha
 
Nesse pouco espaço da sala à cozinha
Com a companhia vazia das tralhas
Examino as letras e espero as falas
 
Tal o mar que as ondas quebram e espraiam
Na repetição incansável me esvaio
Imito a ação das rotinas marinhas