Soneto  das  Horas
 

Há  púrpura  no  azul  que  no  céu  existe
Pincelando  hematomas  já  bisados
Nos  corações  nos  quais  o  amor  resiste,
Apesar  do  azar  que  trazem  os  dados.
 
Não  tarda  e  o  amanhã  virá  em  riste
Ocultar  sonhos  dantes  revelados
E  gotejar  o  fado  voraz,  triste... 
Reverso  dos  alegres  dias  dourados.
 
Adiante  teu  amor  será  sepulto,
O  vento  gritará  um  vil  insulto
Ao  impiedoso  verme  comilão.
 
E  soprará  teus  restos  de  tristura,
E  os  espinhos  da  antiga  e  vil  tortura
Da  coroa  que  escolheste  por  pendão.


Ângela  Rolim
2015

 

 
 


 
Ângela Rolim
Enviado por Ângela Rolim em 11/04/2016
Código do texto: T5602091
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