há dias assim

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há dias que não é sol mas adusto helianto

com flava coroa coberta de fuligem.

dias a dor, quando a alma cede à vertigem,

cai num caos de pesar, de luto, de pranto.

há vultos ceifando carnes em qualquer canto,

à sombra das sombras que a sangue se tingem.

há dentes que mentem; há gentes que fingem

ser gente, e de um crápula fazem um santo.

há dias prenhes de bruxas e loucos à solta

que trazem infernos e o Diabo por escolta,

dias tredos, maus, iluminados a carvão.

há dias que são noites, relento pelas veias,

quando aram a nuca aranhas e centopeias,

e os crânios dos mártires rebolam no chão.

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Luís R Santos
Enviado por Luís R Santos em 20/04/2016
Reeditado em 20/04/2016
Código do texto: T5610810
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