Desencarnar
Sei que me persegues, desde a mais tenra idade
Calada, incansável, esperando o seu momento
Perscruta minhas fraquezas, falhas, movimento
Aguarda impávida, sem misericórdia e piedade
Ao meu corpo restará a campa, o jazigo, a frialdade
O espírito seguirá em frente, sem temor ou lamento
Rumo ao infinito, ao renascer, ao éter, ao firmamento
Amparado pelos mentores, os anjos e a real deidade
Sei que não podes ser vencida, esta é a natureza
Assim, age por desígnio, para cumprir sua meta
Não por vingança, maldade ou extremada vileza
Por ti aguardo, com siso e disciplina de um asceta
Não há temor, mágoa, talvez, uma parca incerteza
De como será a passagem, o mover da maçaneta
24/05/2016