SONETO DA NOITE
Abeiro do barranco do anoitecer
O breu do eclipse me escurece
A vida lá fora no vozear emudece
A inação abre o sossego no viver
Me recolho no dia poente em prece
A treva solta os delírios para valer
E então surge os devaneios a bater
Na ilusão que vem na alma e arrefece
De mansinho o sono põe-se a tecer
E a quimera com o solitário adormece
No leito enlutado da escureza a arder
Longe os ruídos não mais, acontece
Espesso é a escuridade a entorpecer
Que então a solidão no espírito fenece
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
30/05/2016 – Cerrado goiano