PROPOSTA
 
Eu me revisto de clarezas e de sonho
E me disponho a versejar níveos matizes
Em luzes leves aos murmurados deslizes
Do que me dizes em segredo, eu me proponho.
 
Como quem segue, feito santa, ao branco altar
Eu me curvo ante tais confessas tristezas
Entre promessas de incontáveis incertezas
Em dúbias rezas, hei de ouvir-te e me ocultar.
 
Pois tenho na alma o mesmo traço de espinho
Como quem marca a dor eterna em pergaminho
Sentenciando-se num interminável castigo
 
De ser cativo do que também me extasia:
Guardar segredo em concha triste e vazia
De algum pecado que me calo e que não digo.