A Alma Ilha

Sentindo a solidão cercar a alma,
Pela frente por detrás e pelos lados,
Faço-me ilha, serena e calma,
Ignorando a tristeza e seus fados.

Faceira, a solidão se espalma,
A doar-me seus dias injuriados.
Refrescam inda mais e batem palma,
Meu corpo e a alma consolados.

Pois ilha, quem me cerca não importa,
Importa quem minha alma habita.
Ao mundo faço ouvidos de porta,

E ignoro a dor e a desdita.
Sou ilha, mas a alma se transforma,
Esperando o naufrágio da bem dita.