ÚLTIMO DISCURSO

Ergueu a voz pela última vez

E discursou apaixonadamente.

Acabava-se o tempo do talvez;

Florescia o fim repentinamente.

Foi ao púlpito quase sem plateia.

Talvez quatro ou cinco sem interesse.

Explanou pra’o vento sua epopeia

Antes que o vazio o emudecesse.

Seu olhar distante quase sem brilho

Fitava um longínquo e feliz passado

Que o distanciava da realidade.

Da canção os versos e o estribilho

Murmurava só, tão emocionado

Em algum lugar sem felicidade.

(EDUARDO MARQUES 23/06/15)

Eduardo Marques da Silva
Enviado por Eduardo Marques da Silva em 07/07/2016
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