Flor de ciclâmen

A Arca da Graça, Flor de Ciclâmen,

abri na hora da minha morte. Amém.

Guerra-Duval

Na minha derradeira hora, suprema,

os campos de meus lôbregos olhares,

fanarão as noctívagas das flores.

E o céu d'alacridade, seu emblema,

tornar-se-á mais roxo pelas dores,

que carrego, além d'outros mais sofreres...

Sorvendo-me a míngua do mortório,

e contemplando o trágico destino;

flores dentre as mais belas em silêncio,

adornarão o olhar meu cristalino.

Anêmica a mão flébil, da Tristeza,

tocará delicada, finalmente,

os meus olhos tão cheios de pureza,

perdidos na penumbra opalescente...

***

São Paulo,

12 de junho de 2012.

* Versos decassílabos no ritmo heroico (6ª e 10ª).

** A disposição estrófica está em alternativo parnasiano.

Felipe Valle
Enviado por Felipe Valle em 16/07/2016
Reeditado em 16/07/2016
Código do texto: T5699167
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