Inverno (2)
Edir Pina de Barros

Depois de tanto amar, de nos querermos tanto,
aqui estamos nós  calados e arredios,
gelados como a  neve, a ruminar vazios,
e sem sonhar a dois, ou cultivar encanto.
 
E espio-te, também,  e nem sequer me espanto
se vejo apenas gelo  - olhares tão sombrios –
e sei que fiquei só, a ver passar navios,
estás demais ausente, estando em meu recanto.
 
Depois de tal querer, de tantos sonhos juntos,
aqui estamos nós, sem ter quaisquer assuntos,
carícias a trocar, ternura ou alegria.
 
Porém, estou em paz, no meio desse inferno,
depois renascerei,  enquanto muda hiberno,
na neve desse olhar, no colo da poesia.
 
Brasília, 08 de Agosto de 2.016. 

Lira insana, 2016: pg. 63
 
Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado)
Enviado por Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado) em 08/08/2016
Reeditado em 05/09/2020
Código do texto: T5722568
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