Caixão azul

Nas azuladas cordas da canção,

vibram mãos magras, frias e fecundas,

que ressoa, ao tocar notas profundas:

quais crises cerúleas, da soidão.

Maltrapido; entregue à condição

fora das realidades infecundas.

Mas a postura das unhas, rotundas,

inda mostram um pouco de razão...

A canela produz pena, e os ombros

doridos, arrimado nos escombros

donde um azul surge e nos seduz.

Também seu queixo cola-se morto

pelo túnel do violão, quedo e absorto,

contrastando co'a dor que se produz...

***

São Paulo,

22 de outubro de 2008

*Versos decassílabos no ritmo heroico (6ª e 10ª).

**Foi inspirado no quadro 'O velho violinista', do pintor espanhol Pablo Picasso.

Felipe Valle
Enviado por Felipe Valle em 15/08/2016
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