Deslumbramento
Edir Pina de Barros

Quando a boca da noite avermelhada,
vorazmente, devora a luz do dia,
- que se esvai em tristíssima agonia –
no arvoredo, se aquieta a passarada.
 
A boiada não muge, além da aguada,
do seu galho, urutau, a lua espia,
ao passar por detrás da morraria,
sob o manto da noite estrelejada.
 
Solitária, a coruja pia triste,
a dizer que, no mundo, a dor existe
entranhada na essência da alegria.
 
Deslumbrada, repenso a própria vida,
com os fios do belo, entretecida,
nos teares eternos da poesia.
 
Brasília, 24 de Agosto de 2.016.
Caixa de Pandora, pg. 37
Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado)
Enviado por Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado) em 24/08/2016
Reeditado em 27/08/2020
Código do texto: T5738230
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