MEU PAI, MINHA MÃE...

E ao ver meu pai defronte ao abismo;

Ouvindo de seus lábios tantas flores...

Não sei se era meu pai, ou o cinismo

Que revelavam ali os seus amores...

Beijou as mãos da diva inconfundível;

E a lágrima nas pálpebras rolou...

A mãe, coitada mãe; a mais incrível,

Olhando o velho ali, resignou...

E ergueu então a face para um beijo.

E no olhar não ri, não fraquejou...

E os dois olhares vi naquele ensejo:

Não via com a astúcia as frases lidas,

E nada mais além, via o amor...

E uma dor talvez nas despedidas.

Geraldo Altoé
Enviado por Geraldo Altoé em 02/09/2016
Reeditado em 03/09/2016
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