Verso em branco
Edir Pina de Barros
De tanto, mundo afora, procurar-te,
agora estou aqui – os pés cansados –
perdida nos sedosos véus de enfados,
e vendo o teu fantasma em toda parte;
prossigo nos caminhos e, destarte,
exponha-me a tal dor, que escapa em brados,
revivo os nossos tempos bons, passados,
à luz do amor, da vida o baluarte.
Encontrarei pegadas tuas, rastos,
nas vias, rotas, trilhos, longos, vastos,
nos quais perdi o teu amor um dia.
Então serei feliz, demais feliz,
porque vivendo assim – só por um triz –
eu sou um verso em branco, sem poesia.
Brasília, 14 de Novembro de 2016.
Caixa de Pandora, pg. 40