O inverno dos átrios...

Se sou o que te resta por sorte ou por acaso

Os teus atos ferem às chagas de meus átrios

Como um botão de flor no gélido solo pátrio

Desfalece no inverno desse amor parnaso.

A mim, o teu pranto é o que me resta por vez

Se amas; o teu amor é meu desprezo interno

Tal qual a flor que no alento sucumbe no inverno

Tal qual a primavera que a vida lhe trás por vez

Assim eu sou; e se sou amor dê-me a dita cura

De todos sentimentos dum coração despedaçado

E plante o que te resta num jardim de loucura

Enquanto o botão renasce do inverno agourado

Eu reclamo do silêncio do átrio descompassado

E que de vez silencia a vida de pouca desventura.

Silva Neto
Enviado por Silva Neto em 22/12/2016
Reeditado em 06/08/2019
Código do texto: T5860626
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